Métodos e Técnicas de Investigação - intensivos       

 

 




Sumários


2018


 

Um processo de descoberta de características da sociedade (APD, 2018)

Objectos de estudo (APD, 2018)


2015


aula 18. (17/11) Fontes de informação

Com base na literatura obrigatória que constituiu matéria prima para os tranalhos individuais, sistematizou-se a elencagem de tipos de fonte e do modo como as considerar num processo de investigação.

aula 17. (17/11) Elaboração do conceito em métodos intensivos (continuação)

A transsexualidade como caso médico e como alvo de estudos sociais. O mesmo a respeito das definições jurídica de criança, para fins políticos e para fins de idade do consentimento, e a necessidade de distanciamento e problematização autónoma da sociologia para estudar crianças.

aula 16. (10/11) Elaboração do conceito em métodos intensivos

Se o abuso sexual for tomado pelo lado da vitimação, há que procurar no texto ou textos escolhidos para formar o corpus do nosso trabalho as frases e palavras que se referem à produção, identidade, contestação da vítima em situação. Valerá também a pena identificar quem se refere à vítima em situação, o abusador, a vítima, os amigos de um ou de outro, pessoas que não conhecem o processo de vitimação (que era o que chamou mais atenção da primeira leitura).

Ao longo do trabalho, ao contrário do que ocorre com os métodos extensivos, há que não perder de vista a necessidade de retrabalhar o quadro teórico e torná-lo tanto mais consistente logica e empiricamente quanto possível. Os métodos intensivos são especialmente favoráveis e propícios à crítica e à produção conceptual.   

aula 15. (10/11) Concentrar a atenção em torno de um conceito

O abuso sexual como tema deve ser explorado através da procura de elementos de informação e problematização, como foi pedido para o primeiro relatório. Dada a dificuldade de observação de casos de abuso sexual, a opção por encontrar relatos densos sobre casos vividos ou ficcionados pode ajudar a trazer o tema à sociologia. A leitura do texto em causa pode levantar problemas sociológicos, como a vitimação, a perversidade, a sobrevivência ou transformação, o segredo social, a indiferença, a exclusão. Porém não é aconselhável tratar de todos essas noções de uma vez. Pelo contrário. Deve escolher-se apenas uma noção/conceito e concentrar a nossa atenção e preocupações de investigadores nela/nele.

É natural que durante o trabalho tenhamos necessidade de usar noções e conceitos auxiliares. Mas será mais produtivo assumirmos como tarefa dar uma resposta tão concisa e precisa quanto possível sobre como o nosso objecto teórico se relaciona com as outras dimensões do objecto - tema e objecto empírico. Isso é parte de leão da questão metodológica.

aula 14. (10/11) Desdobramento do objecto de estudo

Há que distinguir um tema, por exemplo abuso sexual, do objecto empírico, por exemplo os relatórios médicos de uma urgência de hospital que são classificados de certa maneira e cuja classificação incluirá os casos de abuso sexual, do objecto teórico, por exemplo violência ou violência de género.

Um tema refere-se a um problema social ou a uma designação comum de um assunto relevante. O objecto empírico refere-se a informações objectivadas ou situações que podem ser directamente testemunhadas e medidas pelo investigador. O objecto teórico refere-se à problemática sociológica, ao conceito, à subdisciplina, que servirá para organizar a discussão teórica que orientará a pesquisa e a escrita.

No caso do abuso sexual, foi explicado como um relato se conduia da indiferença da sociedade aos testemunhos das vítimas ou, pior, com a acusação de cumplicidade das vítimas. Como recortar num caso destes os três elementos que se articulam em objecto de estudo sociológico?

aula 13. (03/11)

ausência de estudantes

aula 12. (03/11)

Na presença de dois estudantes, trocaram-se impressões sobre o decorrer dos trabalhos nos grupos e da dinâmica da cadeira. Foi explicado que o teste do dia seguinte desmobilizou a aula. Verificou-se que o trabalho dos grupos pode não estar em marcha no terreno, isto é no contacto com os respectivos objectos de estudo. Fez-se notar que a segunda metade do semestre é sempre mais pesada do ponto de vista das tarefas a cumprir e que sem uma regularidade no trabalho de campo o sentido prático das aulas perde-se. As aulas expositivas tornam-se menos produtivas.  

aula 11. (27/10) Discussão do experimentalismo em ciências sociais

O fim das certezas de Prigogine

A observação experimental procura descobrir fenómenos reversíveis, a natureza humana, aquilo que nunca muda. A observação natural decorre sempre durante um espaço de tempo histórico, mesmo quando o investigador não se interessa ou não tem conhecimentos da história da comunidade com que trabalha. No primeiro tipo de observação pretende-se construir situações credíveis mas inverosímeis de se passarem na realidade – não é possível fixar todas as variáveis menos uma. No caso das observações naturais trata-se de trabalhar fenómenos complexos, de causas multifatoriais e mutáveis no tempo. De facto irrepetíveis e irreversíveis, como a evolução. Morris em Domínio do Ocidente (Círculo de Leitores) mostra como os actuais conhecimentos científicos permitem tomar por objecto de estudos sociais não uma sociedade ou apenas um trajecto curto da história de um povo mas sim a evolução da espécie humana na Terra, como um todo.  

aula 10. (27/10) Observação "experimental" e observação "natural"

O caso das experiências de Milgram e de Stanford. O caso da observação de pastores em Angola por Ruy Duarte de Carvalho.

A observação experimental é muito usada na psicologia social. A observação natural é oriunda da antropologia. No primeiro caso pretende-se fixar todas as variáveis, de modo a que não interfiram na experiência, deixando todo o campo para a variável a estudar. Para o efeito criam-se ambiente artificiais. Podem ser espaços onde se observa o comportamento individual ou colectivo. No caso da experiência de Milgram são observados comportamentos individuais em situação de cumprimento de acções violentas debaixo de ordens por pessoas sem treino especial (policial ou militar). Um actor dá ordens e outro faz de vítima. Uma máquina de choques eléctricos simula penalizar a vítima a pretexto de não saber responder a perguntas que lhe são feitas. Os gritos que aumentam a intensidade com a voltagem ficcionada não demovem cerca de 60% das pessoas sujeitas ao teste. O teste foi e pode voltar a ser repetido, com resultados semelhantes. Parece haver uma propensão das pessoas no sentido de cumprirem ordens, independentemente das suas consequências violentas, na condição de haver quem o autorize. No caso da experiência de Stanford foram observados comportamentos colectivos, num quadro de prisão simulada. Um grupo de estudantes voluntários foi dividido aleatoriamente em guardas e prisioneiros. Estes últimos foram presos por pessoal visto como polícias e conduzidos a uma prisão realista, mas falsa. Ao fim de 10 dias a experiência terminou por a violência exercida entre os estudantes teve consequências para a saúde dos voluntários, tendo alguns deles tido de abandonar a experiência para receber cuidados de saúde. Experiências como esta são mais difíceis de organizar e de repetir. Sobretudo pelas consequências que se sabe que podem ter. No caso desta experiência, ela foi objecto de nova avaliação pelo seu autor, Zimbardo, 40 anos depois, a propósito da introdução de legislação a permitir a tortura nos EUA, no tempo de George W. Bush. O livro, The Lucifer Effect, reconhece que a experiência transformou não apenas os estudantes em seres violentos. O próprio investigador, nas suas palavras, transformou-se num director de cadeia. Entusiasmado com os resultados escandalosos da experiência quis levá-la até ao fim, mesmo que isso estivesse a custar a saúde dos voluntários e possivelmente viesse a obrigar a mais evacuações forçadas, nos dias que foram suspensos. Teve de ser a namorada do investigador quem lhe chamou enfaticamente à razão, para que ele abandonasse a intenção de manter a experiência até ao fim, custasse o que custasse.

A observação natural também implica um envolvimento do investigador no campo de observação. Mas geralmente o seu poder não é tão grande como numa observação experimental. Em todo o caso, será sempre necessário um período relativamente longo de adaptação da presença do investigador no terreno de investigação, tanto para o investigador como para as pessoas da comunidade em causa. No caso de um dos trabalhos de Ruy Durte Carvalho, ele voltou à sua terra natal, no sul de Angola, para descobrir como os povos com quem conviveu em criança estavam prósperos, apesar da devastação da guerra. O facto de conhecer os hábitos antigos e alguns dos membros da comunidade foi uma vantagem no contacto e no aprofundamento dos seus conhecimentos sobre a situação, em contraste com a situação que abandonara quando saira do território, quando jovem, e também no sentido em que lhe permitiu, ao recordar conjuntamente com os seus informantes privilegiados histórias antigas, reconstruir aspectos históricos que o ajudaram a compreender como a prosperidade foi construída e consolidada.       

aula 9. (20/10) Exploração de conteúdos de internet

A internet é utilizada para dar corpo, virtual, a ideias e ideais, uns pós-modernos mas outros, como a abolição da escravatura, pré-modernos. A globalização faz emergir, por exemplo, a presença de 30 milhões de escravos em todo mundo. Problema que afecta Portugal e todos os países do mundo. Mas sobretudo a Índia.

Os trabalhos de contagem de casos são feitos por estimativas, de forma qualitativa, em função de indicadores indirectos mobilizados por análise de conteúdo para produzir índices quantitativos.

aula 8. (20/10) Planeamento de prática de observação

Os alunos foram convidados a trabalharem em grupo os respectivos temas já escolhidos mas, agora, na perspectiva da aplicação de uma metodologia de observação. O docente visitou dada grupo para discutir as características dos diferentes objectos de estudo e as possibilidades de a observação poder ajudar a estudá-los.

aula 7. (20/10) Observação

Observação é uma metodologia criada a partir de situações coloniais e por antropólogos. Os maiores obstáculos epistemológicos que enfrenta são o etnocentrismo e a presença necessária e perturbadora do observador no seio do objecto de estudo, a comunidade.

A observação tem várias formas de se concretizar. Por exemplo, através de uma integração social do observador no tecido social a estudar: chamada observação participante. Ou através de visitas a um posto de observação intermitente. Por vezes chamadas trabalho de campo.

A observação requer um investimento em tempo bastante importante, mesmo antes de começar a pesquisa propriamente dita. Primeiro para adaptar o observador e a comunidade observada à sua presença mútua. Depois para que haja tempo, em contacto com o terreno, para desenhar um protocolo de observação – meios cognitivos e práticos de observação devidamente codificados, para corresponderem a requisitos científicos de reprodutividade e avaliação por pares.

O informante privilegiado, os cadernos de campo (teóricos, metodológicos, de registo de factos e episódios), são dos instrumentos técnicos principais e específicos. Porém a observação admite a mobilização de qualquer tipo de técnica, intensiva ou extensiva, no quadro metodológico geral em que funciona.   

aula 6. (06/10) teorias e teorizações

A teoria relevante pode e deve partir da sensibilidade e da experiência de cada grupo em face do objecto de estudo. Naturalmente, isso não dispensa a consulta e estudo de trabalhos já realizados sobre o mesmo assunto. Ao contrário: essa é uma exigência a cumprir para incluir no primeiro relatório de avaliação.

O primeiro relatório de avaliação inclui 4 tópicos de informação: a) descrição do objecto empírico; b) definição do objecto teórico c) descrição das potencialidades da metodologia escolhida e da aplicação técnica a utilizar; d) lista de textos recolhidos para bibliografia de referência sobre o objecto de estudo escolhido

A discussão da perversidade, como conceito sociológico, será o ponto de reunião das diferentes reflexões dos diferentes grupos de trabalho.

aula 5. (06/10) objecto de estudo

Seminário sobre como escolher objectos de estudo. Cada grupo foi convidado a organizar a relação entre um tipo de método (entrevista biográfica, análise de conteúdo ou observação) e um objecto empírico.

O processo de trabalho de investigação intensiva pode ser descrito em três fases, como nos métodos extensivos. Com a diferença importante que a fase de conceptualização (a primeira fase) pode ser retomada a qualquer momento nas fases seguintes (trabalho de campo; análise de dados) desde que isso reverta a favor da qualidade e da profundidade do relatório final.

Não  é recomendável abandonar os objectos de estudo escolhidos previamente por dificuldades de lidar com eles. Só é recomendável reelaborar a parte conceptual da investigação quando isso significa um avanço (e não um recuo ou uma rendição).

aula 4. (29/09) Entrevistas e estudos biográficos - diferenças e semelhanças

Interrogatórios, entrevistas jornalísticas, entrevistas psicológicas, entrevistas sociológicas. Entrevistas directivas e entrevistas não directivas. As suas diferentes finalidades e requisitos técnicos. A diferença entre entrevistas e estudos biográficos.

Verificação do estado de trabalho do estudantes (grupos, opções de metodologia, opções de objecto empírico, leituras).

aula 3. (29/09) Separação preconceitos da observação

Caso do ataque com taser na cadeia de Paços de Ferreira: medir os estados de espírito de uma população confrontada com uma situação perversa através de um método extensivo. Na experiência da turma, o afastamento da situação de violência foi geral (apenas um aluno assumiu a posição da vítima e outro a de atirador). Informações disponíveis sobre o caso, em ACED.Avaliação de um caso hipotético de um homem chama "vaca" a uma mulher: a) é violência? b) é perversidade? Em que circunstâncias é uma coisa e outra? Em que circunstâncias não é nem uma coisa nem outra?

Apresentação de definições científicas de violência (redução das pessoas ao corpo) e de perversidade (uso calculado  de violência sistemática, com base em conhecimentos tácitos, que pode ser imperceptível ou com pouco risco de reacção interventiva por parte de observadores-testemunhas, com a finalidade de manter ou acentuar a redução ao corpo de alguém).

Perversão e violência são palavras carregadas de moral. Só são utilizadas, no vida prática, para acções avaliadas negativamente. Vingança e justiça punitiva são usadas para significar as mesmas coisas quando as pessoas estão de acordo com os agressores. Será possível para um sociólogo usar as mesmas palavras sem conotações? ou será melhor encontrar novas palavras? 

aula 2. (22/09) Apresentação do quadro temático (perversidade ) e metodológico em que cada grupo deverá escolher a sua participação para o trabalho conjunto.

aula 1. (22/09) Apresentação do docente e da turma. Apresentação da cadeira, bibliografia e do modo de avaliação.


 

regressa à página inicial volta ao início da página